quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Santa Teresa Juliana



Aih, Jesús, donde te has ido, que un instante no puedo verme sin tigo
Aih Jesús de mi alma, donde te has ido, que parece que no vienes y te has perdido 
Aih Jesús, qué diré yo, si os vais con otras, qué haré yo: 
Clamaré, lloraré hasta ver a Dios, y si no, y si no, morir de amor.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O arauto do grande rei - Homilia pronunciada na primeira missa de Joseph Ratzinger em 1955





Era abril de 1207, na Itália repleta de sol. Foi o mês em que São Francisco de Assis tinha sido deserdado e rejeitado por seu pai. Ele não tinha nada, não era sua nem mesmo a roupa que usava, e ainda assim possuía algo que ninguém poderia lhe roubar: o amor de Deus, a quem ele podia agora chamar de “Pai” de uma forma totalmente nova.

E ele sabia que isso era muito mais do que possuir o mundo inteiro. Assim, seu coração se encheu de alegria e caminhava cantando pela floresta da Úmbria. Mas, de repente, perto de Gubbio, do meio do mato saltaram dois ladrões para assaltá-lo; então, surpreendidos com a aparência tão curiosa de Francisco, perguntam-lhe: “Quem é você?”. E ele responde: “Eu sou o arauto do grande Rei”.

Francisco de Assis não era um sacerdote, ele foi diácono toda a sua vida; mas o que ele disse naquela ocasião também é uma descrição profunda do que é e deve ser um sacerdote: é o arauto do grande Rei, Deus, é o locutor e pregador do senhorio de Deus que deve se estender para os corações dos homens em todo o mundo.

Nem sempre o arauto percorrerá as estradas cantando; às vezes sim, é claro, porque o bom Deus sempre dá a cada sacerdote novos momentos em que, com assombro e alegria, reconhece a grande tarefa que Deus lhe concedeu. Mas contra este arauto se levantam sempre os ladrões, por assim dizer, os quais não gostam deste anúncio: são principalmente os indiferentes, os que nunca têm tempo para Deus, aqueles que – exatamente no momento em que Deus lhes chamasse – pensariam que realmente têm outras coisas para fazer, eles têm sempre muito trabalho para fazer; depois há aqueles que dizem que não é preciso construir igrejas, mas sim casas, e seria muito bom se depois surgissem ao lado delas cinemas e lugares para todo o tipo de diversão.

Para estes, o sacerdote deve proclamar constantemente o fato, muitas vezes desconfortável, de que o homem não vive só de pão, mas antes de tudo da Palavra de Deus. E que o homem não vive somente de pão, mas de algo mais, eu acho que hoje nós podemos notar isso muito bem. Cada vez mais, há pessoas que têm tudo o que deseja, dinheiro suficiente para se vestir e comerem o que quiserem, e mesmo assim, algum dia, dizem: “Não posso mais viver”, “não aguento mais, não faz sentido essa vida”. E aqui se vê que o homem precisa de algo mais do que o pão, pois existe nele uma fome mais profunda, a fome de Deus, que só pode ser satisfeita com a Palavra de Deus.

Acredito que na ocasião desta homilia e da celebração desta primeira Missa, todos nós podemos refletir um pouco se não estamos também nós, de uma forma ou de outra, entre aqueles indiferentes que, com a sua crítica, com o seu chegar atrasado ou nem mesmo chegar, tornam mais difícil ou fazem o sacerdote perder o gosto pelo seu trabalho.

Depois, há aqueles que são hostis, aqueles que por detrás de cada sacerdote veem o representante do clericalismo, de um poder contra o qual devem defender-se; e não há necessidade de dizer a vocês os slogans e os pensamentos que estão circulando hoje em dia sobre isso. Certamente os conheceis tão bem quanto eu; e todos nós – creio – vemos não só o suor que custa o trabalho de semeadura, mas também quanto esforço requer a colheita do Reino de Deus, para a qual o Senhor o enviou como um trabalhador em seu campo, sobre o qual, certamente, também crescem cardos e espinhos, não muito diferente do campo deste mundo.

E, apesar de toda a oposição, o sacerdote deve sempre trazer de volta o anúncio do senhorio de Deus que deseja se estender em este mundo, porque ele é o arauto do grande Rei, de Deus, que clama no deserto do tempo; ou, para dizer com os teólogos, de modo simples e conciso: ele não toma parte apenas na função pastoral de Jesus Cristo, mas também na sua função magistral; ele não é apenas enviado para administrar os Sacramentos, mas também para proclamar a Palavra de Deus.

Caros cristãos! O que eu disse nesta homilia são só poucos, pequenos e insignificantes detalhes da imagem global da existência sacerdotal. Mas, confrontado com a realidade de Deus, no fundo todo homem é como uma criança que balbucia, e até mesmo o maior homem não pode dizer mais do que alguns detalhes insignificantes. Em conclusão, gostaria de repetir mais uma vez a oração que lembrei anteriormente; antes de colocar-se a serviço, na oração eucarística, do milagre da santa consagração, o novo sacerdote se voltará mais uma vez em direção a vocês, dizendo: “Orate fratres”: orai irmãos, para que o meu e vosso sacrifício seja agradável a Deus, nosso Senhor!

Então por favor, não considerem estas palavras como uma frase feita que o Missal traz, como uma fórmula que o sacerdote deve pronunciar porque é o momento que deve ser dita; em vez, considerai-a como uma verdadeira oração dirigida a todos vocês. Porque talvez hoje o que o sacerdote mais precisa é que se reze muito por ele; para ele é infinitamente reconfortante saber que há pessoas estão cuidando dele diante de Deus, ou seja, que estão rezando por ele. É como se uma mão boa o mantivesse em uma subida íngreme, de modo a ter esta certeza: “eu posso ir tranquilo, porque sou sustentado pela bondade daqueles que estão comigo”.

E cada vez que no futuro vocês forem à Missa e escutarem esta fórmula, orate, fratres(orai irmãos), considerai-a como uma exortação, como uma verdadeira súplica dirigida a vocês: orai irmãos, para que a oferta da vida deste sacerdote e de todos os sacerdotes seja agradável a Deus, o Senhor.

Fonte: J. RATZINGER, Opera Omnia, vol. XII: Annunciatori della Parola e Servitori della vostra gioia“, Libreria editrice Vaticana, pp. 750-752. Tradução: Pe. Anderson Alves.

http://www.presbiteros.com.br/site/duas-homilias-de-joseph-ratzinger-sobre-o-sacerdocio/