sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Um só



eu micro

Seu Espírito sensível

incisivo

bem lá no meio das várias situações

e entre todas bailando
calmamente
acalma, acalma
acalma minha mente

faz novas todas as coisas
promove todas as cores
abre todas as flores
todos numa só voz

um só
Deus é um só
e por Seu amor
a gente é um só



sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Sinestesia Contemplativa

A palavra penetra
as juntas e medulas
e do interior flui
um rio de água viva
que me atravessa
espalha minha alma
até a flor da pele
e vivifica o meu espírito

transborda
transpirando
em silêncio e prece
sem pressa
em silêncio e prece

em Maravilha,
Esmeralda e Azul Celeste

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

LITURGIA, MÚSICA E COSMOS - Bento XVI




"Como conclusão de minhas reflexões, citarei uma bela palavra do Mahatma Gandhi que eu encontrei recentemente num calendário. Gandhi evoca os três meios nos quais se desenvolveu a vida no cosmos, e nota que cada um deles tem um modo de ser que lhes é próprio. No mar vivem os peixes, silenciosos. Os animais que vivem sobre a terra firme gritam, enquanto os pássaros que povoam o céu cantam. O silêncio é próprio ao mar, o próprio da terra firme é o grito, e o próprio do céu é o canto. Mas o homem participa dos três: ele porta em si a profundidade do mar, o fardo da terra e as alturas do céu. É por isso que ele é também silêncio, grito e canto. Hoje em dia – eu acrescento – vemos que só resta o grito a um homem sem transcendência, porque ele não quer ser mais do que terra, e porque ele tenta também transformar em terra as profundezas do mar e as alturas do céu. A verdadeira liturgia, a liturgia da comunhão dos santos lhe restitui sua totalidade. Ela nos re-ensina o silêncio e o canto, abrindo-nos às profundezas do mar e ensinando-nos a voar, a participar do ser dos anjos. Ao elevar os corações, ela faz soar novamente uma melodia sepultada. Sim, podemos mesmo dizer, agora, o inverso: pode-se reconhecer a verdadeira liturgia na medida em que ela nos libera do agir ordinário e nos restitui a profundidade e a altura, o silêncio e o canto. Reconhece-se a liturgia autêntica na medida em que ela é cósmica, e não função de um grupo. Ela canta com os anjos, ela se cala com as profundezas do todo, em expectativa. E é assim que ela libera a terra, que ela a salva".





- "O Espírito da Música"