terça-feira, 30 de setembro de 2014

Cristo Crucificado - Diego Velázquez


São João da Cruz - Cântico Espiritual. 1,7







Mas também perguntas:
“Então, se Aquele que a minha alma ama está em mim,
porque é que não O encontro nem O sinto?”.
A razão disso é que Ele está escondido,
e tu não te escondes para O encontrar e sentir.
Quem quiser encontrar uma coisa escondida,
há-de penetrar escondido no lugar onde ela está escondida;
ao encontrá-la, fica tão escondido como ela.
Portanto, uma vez que o teu Amado
é o tesouro escondido no campo da tua alma,
pelo qual o sábio comerciante entregou tudo (Mt 13, 44),
convirá que tu, para O encontrar,
esquecidas todas as tuas coisas
e alheando-te de todas as criaturas,
te escondas no teu refúgio interior do espírito e,
fechando atrás de ti a porta,
isto é, a tua vontade a todas as coisas,
ores a teu Pai em segredo (Mt 6, 6).
E ficando assim escondida com Ele,
senti-lo-ás no escondido,
amá-lo-ás
e possuí-lo-ás no escondido,
e escondidamente te deleitarás com Ele,
mais do que aquilo que a língua e os sentidos
podem alcançar.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Vós sois o Cristo - Santo Agostinho



“Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação...

Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão vós? Onde estava eu quando não pensava em vós? Ah! que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a vós e por vós se abrase, Senhor Jesus! Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade aquele procurais. Ó Jesus anátema seja quem não vos ama.

Aquele que não vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em vós meu coração desfaleça, e sede vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de vós inteiramente consumido em vosso amor... Amém”.


Meditationum lib. I, cap. XVIII, n. 2 (inter opera S. Agostini)


*Pintura Sagrado Coração de Jesus de C Bosseron Chambers

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

São Januário - San Gennaro



São Januário nasceu em Nápoles, no ano 270 d.C. Nada se sabe ao certo sobre os primeiros anos de sua vida. Em 302 foi ordenado sacerdote, e por sua piedade e virtude foi escolhido, pouco depois, para Bispo de Benevento. Sua caridade, infatigável zelo e solicitude pastoral desterraram de sua diocese a indigência, tendo ele socorrido a todos os necessitados e aflitos.

Quando em 304, o imperador romano Diocleciano desencadeou em todo o Império cruel perseguição contra o Cristianismo, obrigando os fiéis a oferecer sacrifícios às divindades pagãs, nosso santo teve muitas ocasiões de manifestar o valor de seu zelo, socorrendo os cristãos, não só nos limites de sua diocese, mas em todas as cidades circunvizinhas. Penetrava nos cárceres, estimulando seus irmãos na fé e perseverança final, alcançando também, naquela ocasião. grande número de conversões. O êxito de seu apostolado não tardou a despertar atenção de Dracônio, governador da Campânia, que o mandou prender.

Diante do tribunal, São Januário foi reprovado pelo pró-consul Timóteo, que lhe apresentou a seguinte alternativa: "Ou ofereces incenso aos deuses, ou renuncias à vida".

— "Não posso imolar aos demônios, pois tenho a honra de sacrificar todos os dias ao verdadeiro Deus" - respondeu com altaneria o santo Prelado, referindo-se à celebração eucarística.

Irado, o pró-consul ordenou que o santo Bispo fosse lançado imediatamente numa fornalha ardente. Mas Deus quis renovar em favor de seu fiel servo o milagre dos três jovens israelitas, atirados também nas chamas, de que fala o Antigo Testamento. São Januário saiu desta prova do fogo ileso, para grande surpresa dos pagãos.

O tirano, atribuindo o prodígio a artes mágicas, ordenou que São Januário e mais seis outros cristãos fossem conduzidos a Puzzoles, onde seriam lançados às feras na arena.

No dia marcado para o suplicio, o povo lotou o anfiteatro da cidade. No centro da arena. São Januário encorajava os companheiros: "Ânimo, irmãos, este é o dia do nosso triunfo, combatamos com valor nosso sangue por Aquele Senhor, a quem devemos a vida".

Mal terminara de falar foram libertados leões, tigres e leopardos famintos, que correram em direção às vítimas. Mas, em lugar de despedaçá-las, prostraram-se diante do Bispo de Benevento e começaram a lamber-lhes os pés. Ouviu-se então um grande murmúrio no anfiteatro, que reconhecia não existir outro verdadeiro Deus senão o dos cristãos. Muitos pediram clemência. Mas o pró-consul, cego de ódio, mandou decapitar aqueles cristãos, sendo executada a ordem na praça Vulcânia, no dia 19 de setembro de 305.

Os corpos dos mártires foram conduzidos pelos fiéis às suas respectivas cidades. Segundo relataram as crônicas, uma piedosa mulher recolheu em duas ampolas o sangue que escorria do corpo de São Januário, quando este era transportado para Benavento.

Os restos mortais do Bispo mártir foram transladados para sua cidade nata — Nápoles — em 432. No ano 820 voltaram para Benavento. Em 1497 retornaram definitivamente para Nápoles, onde repousam até hoje, em majestosa Catedral gótica. Aí se realiza o perpétuo sangue, que se dá duas vezes por ano, no sábado que antecede o primeiro domingo de maio aniversário da primeira transladação, e a 19 de setembro, festa do martírio do santo.

Liquefação do sangue

As datas da liquefação do sangue de São Januário são celebradas com grande pompa e esplendor.

As relíquias são expostas ao público, e se a liquefação não se verifica imediatamente. iniciam-se preces coletivas. Se o milagre tarda, os fiéis compenetram-se de que a demora se deve a seus pecados. Rezam então orações penitenciais, como o salmo “Miserere", composto pelo Santo Rei Davi.

Quando o milagre ocorre, o Clero entoa solene Te Deum, a multidão prorrompe em vivas. os sinos repicam e toda a cidade se rejubila.

Entretanto, sempre que nas datas costumeiras o sangue não se liquefaz, Isso significa o aviso de tristes acontecimentos vindouros, segundo uma antiga tradição nunca desmentida.

O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal transparente. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue endurecido ocupa até a metade da ampola maior; na menor, encontra-se disperso em fragmentos.

A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado pastoso ao fluido e, até, fluidíssimo. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Alterar-se o colorido: desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior.

Trata-se verdadeiramente de sangue humano, comprovado por análises espectroscópicas.

Há algumas peculiaridades, que constituem outros milagres dentro do milagre liquefação, há uma variação do volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro. Varia também quanto à massa e quanto ao peso. Em janeiro de 1991, o prof. G. Sperindeo utilizando-se, com o máximo cuidado, de aparelhos de alta precisão, encontrou uma variação de cerca de 25 gramas. O peso aumentava enquanto o volume diminuía. Esse acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa (uma das leis fundamentais da Física) e é absolutamente inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.

A notícia escrita mais antiga e segura do milagre consta de uma crônica do século XIV. Desde 1659, estão rigorosamente anotadas todas as liquefações, que já perfazem mais de dez mil!

A relíquia de São Januário tem protegido Nápoles eficazmente contra a peste e as erupções do Vesúvio, distante da cidade apenas duas léguas e meia. Por ocasião de uma erupção em 1707, que ameaçava destruir Nápoles, o povo levou as ampolas em solene procissão até o sopé do vulcão; imediatamente a erupção cessou!

Em 1944, o Vesúvio expeliu lavas, cinzas, pedras e uma poeira arenosa, que alcançou grande altura. Foi sua última erupção. O vento levou essa poeira através do Mediterrâneo, a qual chegou a atingir a Grécia, a Turquia, a Espanha e o Marrocos. Nápoles permaneceu imune.

Supliquemos na data de hoje a este grande Santo Protetor, que salve não apenas Nápoles, mas a Itália e o mundo inteiro de um incêndio mil vezes pior do que o produzido por erupções vulcânicas: o comunismo, a seita atéia, antinatural e igualitária, que visa varrer da face da terra o nome cristão.


San Gennaro 19-09-2014 - Duomo di Napoli






pinturas à óleo de Caravaggio

Lendo a ordem sublime de Deus impressa no Universo

Coroação de Nossa Senhora, fachada da catedral de Reims.
Os anjos fazem de assistentes da cerimônia.

Primeiramente, a Idade Média tinha paixão pela ordem. Os medievais organizaram a arte como tinham organizado o dogma, o aprendizado temporal e a sociedade. A representação artística de temas sagrados era uma ciência regida por leis fixas, que não podia ser quebrada pelos ditames da imaginação individual.

A arte da Idade Média é uma escritura sagrada, cujos caracteres todo artista deve aprender. Ele deve saber que a auréola circular colocada por trás da cabeça serve para expressar a santidade, enquanto a aureola com uma cruz é o sinal da divindade e sempre usada para pintar qualquer uma das três Pessoas da Santíssima Trindade.

segunda característica da iconografia medieval é a obediência às regras de uma espécie de matemática sagrada. Posição, agrupamento, simetria e número são de extraordinária importância.

A simetria era considerada a expressão de uma misteriosa harmonia interior. O artista fazia o paralelismo dos doze Patriarcas e dos doze Profetas da Antiga Lei e dos doze Apóstolos da Nova, e dos quatro principais Profetas com os quatro Evangelistas.

Esquemas desse tipo pressupõem uma crença fundamentada no valor dos números. E, de fato, a Idade Média nunca duvidou que os números tivessem relação com o poder divino, oculto a nossos olhos. 

São Lucas Evangelista é representado pelo boi.
Catedral de Reims, detalhe da fachada. O boi era sacrificado no Templo de Jerusalém e São Lucas nos fala dos sofrimentos que padeceu Nosso Senhor
Esta doutrina vinha dos Padres da Igreja, que a herdaram das escolas antigas e fez reviver o gênio de Pitágoras. É evidente que Santo Agostinho considerava os números como os pensamentos de Deus.

Em muitas passagens ele afirma que cada número tem seu significado divino. “A Sabedoria Divina é refletida nos números e está impressa em todas as coisas”.

Da mesma forma, o edifício do mundo material e do mundo moral está baseado nos números eternos.

Nós sentimos que o encanto da dança está no ritmo, quer dizer, no número; mas temos de ir mais longe, a beleza é em si uma cadência, um número harmonioso. A ciência dos números então é a ciência da ordem do universo, e os números nos ensinam sua ordem profunda.

Alguns exemplos nos fornecem certa ideia do método. De Santo Agostinho em diante todos os teólogos interpretaram o significado do número doze da mesma forma.

Doze é o número da Igreja universal, e foi por razões profundas que Jesus quis que o número de Seus apóstolos fosse doze. Agora, doze é o produto de três vezes quatro. 

Apóio para as leituras sagradas, catedral de Reims. Ouvindo a palavra de Deus, a alma deve se elevar aos Céus como a águia que levanta vôo.

Três, que é o número da Trindade e, por conseqüência, da alma feita à imagem da Trindade, simboliza todas as coisas que são espirituais. Quatro, o número de elementos, é o símbolo de coisas materiais – o corpo e o mundo – que resultam de combinações dos quatro elementos. 

O significado místico da multiplicação de três por quatro é a infusão do espírito na matéria, de proclamar as verdades da fé para o mundo, para estabelecer a Igreja Católica, de que os Apóstolos são o símbolo.

Os Doutores que comentaram a Bíblia nos ensinam que, se Gedeão partiu com trezentos companheiros, não foi sem alguma razão simbólica e que o número esconde um mistério.

Em grego, trezentos é representado com a letra Tau (T). Mas o T é a figura da Cruz; portanto, por trás de Gedeão e de seus companheiros, devemos ver Cristo e a Cruz.

A Divina Comédia de Dante é o exemplo mais famoso, pois está ordenada em função de números. Os nove círculos do inferno correspondem aos nove terraços do monte do Purgatório e aos nove céus do Paraíso.

Nesse poema inspirado, nada foi deixado apenas à inspiração; Dante determinou que cada parte de sua trilogia deveria ser dividida em trinta e três cantos, em homenagem aos 33 anos da vida de Cristo. Dante aceitava a lei que rege os números como um ritmo divino, ao qual o universo obedece.

O Simbolismo divino na Arte e na natureza visto pela Idade Média

Rosácea lateral da catedral de Chartres: resumo da ordem do Universo
com Cristo Rei no centro.
terceira característica da arte medieval reside no fato de que ela é um código simbólico.

Desde o tempo das catacumbas [nos dias da perseguição romana], a arte cristã falava por meio de figuras, ensinando os homens a verem por detrás de uma imagem uma outra coisa superior.

O artista, segundo o imaginavam os Doutores da Igreja, deve imitar a Deus, que sob a letra da Escritura escondeu um profundo significado, e que queria que a natureza também servisse de lição para o homem.

O anjo (no alto à esquerda) segura o braço de Abraão 
que vai sacrificar seu filho Isaac, prefigura do sacrifício do Calvário.
Catedral de Chartres
Tal concepção de arte implica uma visão profundamente idealista do esquema do universo, e a convicção de que tanto a história quanto a natureza devem ser consideradas como grandes símbolos.

Podemos fazer uma tentativa de entender a visão medieval do mundo e da natureza.

O que é o mundo visível? Qual é o significado das miríadas de formas de vida?

O que devia pensar da Criação, o monge contemplando em sua cela, ou o Doutor meditando no claustro da catedral antes de sua palestra?

É apenas aparência, ou realidade?

A Idade Média foi unânime na sua resposta: o mundo é um símbolo.

Assim como a ideia da obra reside antes na mente do artista, da mesma maneira o universo estava na mente de Deus desde o início.

Deus criou, mas criou através da Sua Palavra, ou seja, através de Seu Filho.

O mundo, portanto, pode ser definido como “um pensamento de Deus realizado através da Palavra”.

São João Batista anuncia o Cordeiro de Deus: Cristo
Catedral de Chartres
Se isto é assim, então em cada ser se esconde um pensamento divino; o mundo é um livro escrito pela mão de Deus, no qual toda criatura é uma palavra carregada de significado. 

O ignorante vê as formas – as letras misteriosas – sem compreender nada do seu significado, mas o sábio, a partir do visível, se eleva ao invisível, e na leitura da natureza lê os pensamentos de Deus.

O verdadeiro conhecimento, então, não consiste no estudo das coisas em si mesmas – as formas exteriores –, mas em penetrar no significado profundo delas, que Deus pôs para a nossa instrução.

Desse modo, nas palavras de Honório de Autun, “cada criatura é uma sombra da verdade e da vida”.

Todo ser manifesta em suas profundezas um reflexo do sacrifício de Cristo, a imagem da Igreja, das virtudes e dos vícios.

O mundo material e o mundo espiritual refletem uma só e derradeira realidade.


(Autor: Émile Mâle, The Gothic Image: Religious Art in France of the Thirteenth Century, New York, Harper, 1958, pp 1-2, 5, 9-15, 29).

Santíssima Trindade - Andrei Rublev


O que agrada à Deus - Santa Teresinha do Menino Jesus



O que agrada à Deus em minha pequena alma
é que eu ame minha pequenez e minha pobreza
é a esperança cega
que tenho em Sua Misericórdia

Teologia do Corpo - Christopher West


Fica comigo, Senhor! - São Pio de Pietrelcina





Fica Senhor comigo, pois preciso da tua presença para não te esquecer.
Sabes quão facilmente posso te abandonar.
Fica Senhor comigo, porque sou fraco e preciso da tua força para não cair.
Fica Senhor comigo, porque és minha vida, e sem ti perco o fervor.
Fica Senhor comigo, porque és minha luz, e sem ti reina a escuridão.
Fica Senhor comigo, para me mostrar tua vontade.
Fica Senhor comigo, para que ouça tua voz e te siga.
Fica Senhor comigo, pois desejo amar-te e permanecer sempre em tua companhia.
Fica Senhor comigo, se queres que te seja fiel.
Fica Senhor comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, quero que se transforme num lugar de consolação para ti, um ninho de amor.

Fica comigo, Jesus, pois se faz tarde e o dia chega ao fim; a vida passa, e a morte, o julgamento e a eternidade se aproximam. Preciso de ti para renovar minhas energias e não parar no caminho. Está ficando tarde, a morte avança e eu tenho medo da escuridão, das tentações, da falta de fé, da cruz, das tristezas. Oh, quanto preciso de ti, meu Jesus, nesta noite de exílio.

Fica comigo nesta noite, Jesus, pois ao longo da vida, com todos os seus perigos, eu preciso de ti. Faze, Senhor, que te reconheça como te reconheceram teus discípulos ao partir do pão, a fim de que a Comunhão Eucarística seja a luz a dissipar a escuridão,a força a me sustentar, a única alegria do meu coração.

Fica comigo, Senhor, porque na hora da morte quero estar unido a ti, se não pela Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.

Fica comigo, Jesus. Não peço consolações divinas, porque não às mereço, mas apenas o presente da tua presença, ah, isso sim te suplico!

Fica Senhor comigo, pois é só a ti que procuro teu amor, tua graça, tua vontade, teu coração, teu Espírito, porque te amo, e a única recompensa que te peço é poder amar-te sempre mais. Como este amor resoluto desejo amar-te de todo o coração enquanto estiver na terra, para continuar a te amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém.


sábado, 13 de setembro de 2014

Ofício da Imaculada Conceição



O Ofício da Imaculada Conceição é uma oração composta para ser cantada ou recitada (de uma só vez ou seguindo a Liturgia das Horas [de acordo com a distribuição feita abaixo]), a fim de defender a doutrina da Imaculada Conceição. Este Ofício foi escrito originalmente em latim no século XV pelo monge franciscano Bernardino de Bustis, que desejava proteger a Imaculada Conceição dos inúmeros combates que vinha sofrendo desde o século XII. Aprovado pelo Papa Inocêncio XI em 1678, foi enriquecido por Pio IX em 31 de março de 1876 com 300 dias de indulgência cada vez que recitado. Na reforma do Concílio Vaticano II, Paulo VI modificou a doutrina das Indulgências, concedendo agora Indulgência Plenária a aqueles que rezarem o Ofício da Imaculada Conceição com fé. Procuremos rezar particularmente o Ofício todos os sábados, pois assim a tradição da Igreja o faz.



Matutinum: antes da aurora

Primam: às 6 horas

Tertiam: às 9 horas

Sextam: às 12 horas

Nonam: às 15 horas

Vesperas: ao entardecer

Completorium: antes de dormir



MATINAS E LAUDES




Deus vos salve Virgem, Filha de Deus Pai!

Deus vos salve Virgem, Mãe de Deus Filho!

Deus vos salve Virgem, Esposa do Divino Espírito Santo!

Deus vos salve Virgem, Templo e Sacrário da Santíssima Trindade!




Agora, lábios meus,

dizei e anunciai

os grandes louvores

da Virgem Mãe de Deus.




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus vos salve, Virgem,

Senhora do mundo,

Rainha dos céus

e das virgens, Virgem.




Estrela da manhã,

Deus vos salve, cheia

de graça divina,

formosa e louçã.




Dai pressa Senhora

em favor do mundo,

pois vos reconhece

como defensora.




Deus vos nomeou

desde "ab aeterno"

para a Mãe do Verbo,

com o qual criou:




Terra, mar e céus,

e vos escolheu,

quando Adão pecou,

por esposa de Deus.






Deus vos escolheu,

e já muito dantes

em seu tabernáculo

morada Lhe deu.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toquem vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




PRIMA




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus vos salve, mesa

para Deus ornada,

coluna sagrada,

de grande firmeza.




Casa dedicada

a Deus sempiterno,

sempre preservada

virgem do pecado.




Antes que nascida,

fostes, Virgem santa,

no ventre ditoso

de Ana concebida.




Sois Mãe criadora

dos mortais viventes.

Sois dos Santos porta,

dos Anjos Senhora



Sois forte esquadrão

contra o inimigo,

Estrela de Jacó,

Refúgio do cristão.




A Virgem, a criou

Deus no Espírito Santo,

e todas as suas obras,

com ela as ornou.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toque Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




TERÇA




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus Vos salve, trono

do grão Salomão,

Arca do Concerto,

Velo de Gedeão.




Íris do céu clara,

Sarça da visão,

Favo de Sansão,

Florescente vara,




A qual escolheu

para ser Mãe sua,

e de Vós nasceu

o Filho de Deus.




Assim Vos livrou

da culpa original,

de nenhum pecado

há em Vós sinal.




Vós, que habitais

lá nessas alturas,

e tendes Vosso Trono

sobre as nuvens puras.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toquem Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




SEXTA




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus Vos salve, Virgem,

da Trindade templo,

alegria dos anjos,

da pureza exemplo,




Que alegrais os tristes,

com vossa clemência,

Horto de deleite,

Palma da paciência.




Sois Terra bendita

e sacerdotal.

Sois de castidade

símbolo real.




Cidade do Altíssimo,

Porta oriental,

sois a mesma Graça,

Virgem singular.




Qual lírio cheiroso,

entre espinhas duras,

tal sois Vós, Senhora,

entre as criaturas.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toque Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




NOA




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus vos salve, Cidade,

de torres guarnecida,

de Davi, com armas

bem fortalecida.




De suma caridade

sempre abrasada,

do dragão a força

foi por Vós prostrada.




Ó mulher tão forte!

Ó invicta Judite! 

Vós que alentastes

o Sumo Davi.




Do Egito o curador,

de Raquel nasceu,

Do mundo o Salvador

Maria no-Lo deu.




Toda é formosa

minha companheira,

nela não há mácula

da culpa primeira.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração,

toquem Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




VÉSPERAS




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.




Hino




Deus vos salve, relógio

que, andando atrasado,

serviu de sinal

ao Verbo Encarnado.




Para que o homem suba

às sumas alturas,

desce Deus dos céus

para as criaturas.



Com os raios claros

do Sol da Justiça,

resplandece a Virgem,

dando ao sol cobiça.




Sois lírio formoso

que cheiro respira,

entre os espinhos.

Da serpente, a ira




Vós a quebrantais

com o vosso poder.

Os cegos errados

Vós alumiais.




Fizestes nascer

Sol tão fecundo,

e como com nuvens

cobristes o mundo.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toquem Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.




COMPLETAS




Rogai a Deus, Vós,

Virgem, nos converta,

que a sua ira

se aparte de nós.




Sede em meu favor,

Virgem soberana,

livrai-me do inimigo

com o vosso valor.




Glória seja ao Pai,

ao Filho e ao Amor também,

que é um só Deus em Pessoas três,

agora e sempre, e sem fim. Amém.











Hino



Deus Vos salve,

Virgem Imaculada,

Rainha de clemência,

de estrelas coroada.




Vós sobre os Anjos

sois purificada.

De Deus, à mão direita,

estais de ouro ornada.




Por Vós, Mãe da Graça,

mereçamos ver

a Deus nas alturas,

com todo prazer.




Pois sois Esperança

dos pobres errantes

e seguro Porto

dos navegantes.




Estrela do mar

e saúde certa,

e Porta que estais

para o céu aberta.




É óleo derramado,

Virgem, Vosso nome,

e os vossos servos

vos hão sempre amado.




Ouvi, Mãe de Deus,

minha oração.

Toquem Vosso peito

os clamores meus.




Oração

Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.









OFERECIMENTO




Humildes oferecemos

a Vós, Virgem pia,

estas orações,

porque, em Vossa guia,

Vades Vós adiante,

e na agonia

Vós nos animeis,

ó doce Virgem Maria.

Amém.





Officium parvum Conceptionis Immaculatae


Signum Crucis:
Per signum X crucis, de X inimicis nostris libera-nos Deus X noster.
In nonime Patris X et Fílio X et Spitiui Sancto X. Amen.


Ad Matutinum


Eia, mea labia, nunc annuntiate, laudes et praeconia Virginis beatae.

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, mundi Domina,
caelorum Regina:
Salve, Virgo virginum,
stella matutina

Salve, plena gratia,
clara luce divina.
Mundi in auxilium,
Domina, festina.

Ab aeterno Dominus
te praeordinavit
matrem unigeniti
Verbi, quo creavit.

Terram, pontum, aethera,
te pulchram ornavit
sibi Sponsam, quae
in Adam non peccavit.
Amen.

V. Elegit eam Deus, et praeelegit eam.
R. In tabernaculo suo habitare fecit eam.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

__________________________________________________________________________


Ad Primam

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.


SALVE, Virgo sapiens,
domus Deo dicata,
columna septemplici
mensaque exornata.

Ab omni contagio
mundi praeservata.
Semper sancta in utero
matris, ex qua nata.

Tu Mater viventium,
et porta es sanctorum.
Nova stella Iacob,
Domina angelorum.

Zabulo terribilis
acies castrorum.
Porta et refugium
sis Christianorum.
Amen.

V. Ipse creavit illam in Spiritu Sancto.
R. Et effundit illam super omnia opera sua.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

__________________________________________________________________________



Ad Tertiam

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, arca foederis,
thronus Salomonis,
arcus pulcher aetheris,
rubus visionis.

Virga frondens germinis,
vellus Gedeonis,
porta clausa numinis,
favusque Samsonis.

Decebat tam nobilem
natum praecavere
ab originali
labe matris Evae.

Almam, quam elegerat,
Genetricem vere,
nulli prorsus sinens
culpae subiacere.
Amen.

V. Ego in altissimis habito.
R. Et thronus meus in columna nubis.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

__________________________________________________________________________


Ad Sextam

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, Virgo puerpera,
templum Trinitatis,
angelorum gaudium,
cella puritatis.

Solamen moerentium,
hortus voluptatis,
palma patientiae
cedrus castitatis.

Terra es benedicta
et sacerdotalis,
sancta et immunis
culpae originalis.

Civitas altissimi,
porta orientalis:
in te est omnis gratia,
Virgo singularis.
Amen.

V. Sicut lilium inter spinas
R. Sic amica mea inter filias Adae.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

__________________________________________________________________________
Ad Nonam

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, urbs refugii,
turrisque munita
David, propugnaculis
armisque insignita.

In conceptione
caritate ignita
draconis potestas
est a te contrita.

O mulier fortis,
et invicta Iudith!
Pulchra Abisag virgo
verum fovens David!

Rachel curatorem
Aegypti gestavit:
Salvatorem mundi
Maria portavit.
Amen.

V. Tota pulchra es, amica mea.
R. Et macula originalis numquam fuit in te.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.
__________________________________________________________________________
Ad Vesperas

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, horologium,
quo, retrogradiatur
sol in decem lineis;
Verbum incarnatur.

Homo ut ab inferis
ad summa attollatur,
immensus ab angelis
paulo minoratur.

Solis huius radiis
Maria coruscat;
consurgens aurora
in conceptu micat.

Lilium inter spinas
quae serpentis conterat
caput: pulchra ut luna
errantes collustrat.
Amen.

V. Ego feci in caelis ut oriretur lumen indeficiens.
R. Et quasi nebula texi omnem terram.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

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Ad Completorium

V. Convertat nos, Domina, tuis precibus placatur Iesus Christus Filius tuus.
R. Et avertat iram suam a nobis.

V. DOMINA, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

SALVE, virgo florens,
mater illibata,
regina clementiae,
stellis coronata.

Super omnes angelos
pura, immaculata,
atque ad regis dexteram
stans veste deaurata.

Per te, mater gratiae,
dulcis spes reorum,
fulgens stella maris,
portus naufragorum.

Patens caeli ianua
salus infirmorum
videamus regem
in aula sanctorum.
Amen.

V. Oleum effusum, Maria, nomen tuum.
R. Servi tui dilexerunt te nimis.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

Oremus
Sancta Maria, Regina caelorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quae nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, aeternae in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in saecula saeculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

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Ad Commendationem


SUPPLICES offerimus
tibi, virgo pia,
haec laudum praeconia:
Fac nos ut in via
Ducas cursu prospero,
et in agonia
tu nobis assiste,
O dulcis Maria.

R. Deo gratias.

Ant. Haec est virga in qua nec nodus originalis, nec cortex actualis culpae fuit.

V. In conceptione tua virgo immaculata fuisti.
R. Ora pro nobis Patrem, cuius Filium peperisti.

Oremus
Deus, qui per immaculatam Virginis conceptionem dignum Filio tuo habitaculum praeparasti: quaesumus, ut qui ex morte eiusdem Filii tui praevisa eam ab omni labe praeservasti, nos quoque mundos eius intercessione ad te pervenire concedas. Per eundem Christum Dominum nostrum. Amen.



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

São João Paulo II; Michelângelo e a Teologia do Corpo




CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA POR OCASIÃO DA INAUGURAÇÃO
DO RESTAURO DOS AFRESCOS DE MIGUEL ÂNGELO NA CAPELA SISTINA

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

Sexta-feira, 8 de Abril de 1994



1. « Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis ».

Entramos hoje na Capela Sistina para admirar os seus afrescos maravilhosamente restaurados. São obras dos maiores mestres do Renascimento: de Miguel Ângelo sobretudo, mas depois também do Perugino, de Botticelli, de Ghirlandaio, de Pinturicchio e de outros. Na conclusão destas delicadas intervenções de restauração, desejo agradecer a todos Vós aqui presentes, e de modo particular àqueles que, de vários modos, deram o seu contributo para este nobre empreendimento. Trata-se de um bem cultural de valor inestimável, de um bem que tem carácter universal. Disto dão testemunho os inúmeros peregrinos que, provindos de todas as nações do mundo, visitam este lugar para admirar a obra de sumos mestres e reconhecer nesta Capela uma espécie de admirável síntese da arte pictórica.

Apaixonados cultores do belo deram, depois, prova da sua sensibilidade, com o concreto e considerável contributo posto à disposição, para restituir à Capela o seu original vigor de cores. Pôde-se, além disso, contar com a obra de especialistas particularmente versados na arte da restauração, que efectuaram as suas intervenções valendo-se das tecnologias mais avançadas e seguras. A Santa Sé exprime a todos o seu cordial agradecimento pelo esplêndido resultado obtido.

2. Os afrescos que aqui contemplamos, introduzem-nos no mundo dos conteúdos da Revelação. As verdades da nossa fé falam-nos aqui de todas as partes. Dela o génio humano tirou a sua inspiração, empenhando-se em revesti-La de formas de inigualável beleza. Eis porque sobretudo o Juízo Universal suscita em nós o vivo desejo de professar a nossa fé em Deus, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E, ao mesmo tempo, estimula-nos a reafirmara nossa adesão a Cristo ressuscitado, que virá no último dia como supremo juiz dos vivos e dos mortos. Diante desta obra prima nós confessamos Cristo, Rei dos séculos, cujo Reino não terá fim.

Precisamente este Filho eterno, a quem o Pai confiou a causa da redenção humana, fala-nos na dramática cena do Juízo Universal. Estamos diante de um Cristo extraordinário. Ele possui em Si uma beleza antiga, que num certo sentido se distancia das representações pictóricas tradicionais. Do grande afresco Ele nos revela, antes de tudo, o mistério da sua glória ligado à ressurreição. Estarmos reunidos aqui, durante a Oitava da Páscoa, deve ser considerado circunstância mais do que nunca propícia. Antes tudo, estamos diante da glória da humanidade de Cristo. Ele, de facto, há-de vir na sua humanidade para julgar os vivos e os mortos, penetrando as profundezas das consciências humanas e revelando o poder da sua redenção. Por esta razão, ao lado d'Ele encontramos a Mãe, a « Alma socia Redemptoris ». Cristo na história da humanidade é a verdadeira pedra angular, da qual o Salmista diz « A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se pedra angular» (SL 117/198, 22). Esta pedra, então, não pode ser rejeitada. Único Mediador entre Deus e os homens, Cristo, da Capela Sistina, exprime em Si mesmo o inteiro mistério da visibilidade do Invisível.

3. Estamos assim no centro da questão teológica. O Antigo Testamento excluía qualquer imagem ou representação do Criador invisível. Esta, com efeito, era a ordem que Moisés tinha recebido de Deus, no monte Sinai (cf. Êx 20, 4), porque havia o perigo de o povo, inclinado à idolatria, se deter no seu culto a uma imagem de Deus que é inimaginável, porque acima de qualquer imaginação e entendimento do homem. O Antigo Testamento permanece fiel a esta tradição, não admitindo nenhuma representação do Deus Vivo nem nas casas de oração, nem no Templo de Jerusalém. A uma semelhante tradição aderem os membros da religião muçulmana, que crêem num Deus invisível, omnipotente e misericordioso, Criador e Juiz de todas as criaturas.

Mas Deus mesmo vem ao encontro das exigências do homem, o qual traz no coração o desejo ardente de O poder ver. Não acolheu porventura Abraão o mesmo Deus invisível, na admirável visita de três misteriosas Personagens? « Tres vidit et Unum adoravit » (cf. Gn 18, 1-14). Diante daquelas três Pessoas Abraão, o pai da nossa fé, experimentou de modo profundo a presença d'Aquele que é Só e único. Este encontro tornar-se-á o tema do incomparável ícone de Andrei Rublev, ápice da pintura russa. Rublev foi um daqueles santos artistas, cuja criatividade era fruto de contemplação profunda, de oração e jejum. Através da sua obra se exprimia a gratidão da alma ao Deus invisível, que concede ao homem representá-l'O de modo visível.

4. Tudo isto foi acolhido pelo Segundo Concílio de Niceia, o último da Igreja indivisa, que rejeitou de modo definitivo a posição dos iconoclastas, confirmando a legitimidade do costume de exprimir a fé mediante representações artísticas. O ícone não é então apenas obra de arte pictórica. Ele é, num certo sentido, como que um sacramento da vida cristã, porque nele se faz presente o mistério da Encarnação. Nele se reflecte, de modo sempre novo, o Mistério do Verbo feito carne, e o homem - autor e, ao mesmo tempo, partícipe - alegra-se com a visibilidade do Invisível.

Porventura não foi Cristo mesmo que pôs as bases dessa alegria espiritual? « Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta » - pediu Filipe no cenáculo, na vigília da paixão de Cristo. E Jesus: « Estou há tanto tempo convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai... Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? » (Jo 14, 8-10). Cristo é a visibilidade do Deus invisível. Por meio d'Ele, o Pai penetra a criação inteira e o Deus invisível torna-se presente entre nós e comunica-se connosco, tal como as três personagens, de que fala a Bíblia, se sentaram à mesa e comeram com Abraão.

5. Porventura, também Miguel Ângelo não tirou precisas conclusões das palavras de Cristo « Quem Me vê, vê o Pai »? Ele teve a coragem de admirar, com os próprios olhos, este Pai no momento em que profere o « fiat » criador e chama à existência o primeiro homem. Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26). Enquanto o Verbo eterno é o ícone invisível do Pai, o homem-Adão é o seu ícone visível. Miguel Ângelo esforça-se de todos os modos por dar de novo a esta visibilidade de Adão, à sua corporeidade, os traços da antiga beleza. Antes, com grande audácia, transfere essa beleza visível e corpórea ao próprio Criador invisível. Estamos provavelmente diante de uma invulgar ousadia da arte, porque ao Deus invisível não se pode impor a visibilidade própria do homem. Não seria uma blasfémia? É difícil, porém, deixar de reconhecer no Criador visível e humanizado o Deus revestido de majestade infinita. Antes, por tudo aquilo que a imagem com os seus limites intrínsecos consente, aqui se disse tudo o que era possível dizer. Tanto a majestade do Criador como a do juiz falam da grandeza divina: palavra comovedora e unívoca, tal como, de outro modo, comovedora e unívoca é a « Pietà » na Basílica Vaticana, e de igual modo o Moisés na Basílica de S. Pedro in Vincoli.

6. Na expressão humana dos mistérios divinos não é talvez necessária a « kenosis », como consumação daquilo que é corporal e visível? Essa consumação entrou fortemente na tradição dos ícones cristão orientais. O corpo é certamente a « kenosis » de Deus. Lemos, com efeito, em São Paulo que Cristo « se despojou a Si mesmo tomando a condição de servo » (Fil 2, 7). Se é verdade que o corpo representa a « kenosis » de Deus e que, na representação artística dos mistérios divinos, se deve exprimir a grande humildade do corpo, a fim de que aquilo que é divino se possa manifestar, é também verdade que Deus é a fonte da beleza integral do corpo.

Parece que Miguel Ângelo, a seu modo, se tenha deixado guiar pelas sugestivas palavras do Livro do Génesis que, a respeito da criação do homem, varão e mulher, observa: « Estavam ambos nus, mas não sentiam vergonha » (Gn 2, 25). A Capela Sistina é precisamente - se assim se pode dizer - o santuário da teologia do corpo humano. Ao dar testemunho da beleza do homem criado por Deus, como homem e mulher, ela exprime também, de certo modo, a esperança de um mundo transfigurado, o mundo inaugurado por Cristo ressuscitado, e antes ainda por Cristo do monte Tabor. Sabemos que a Transfiguração constitui uma das principais fontes da devoção oriental; ela é um livro eloquente para os místicos, tal como um livro aberto foi para São Francisco o Cristo crucificado, contemplado no monte da Verna.

Se diante do Juízo Universal permanecemos ofuscados pelo es­plendor e pelo assombro, admirando por um lado os corpos glorificados e, por outro, os corpos submetidos à condenação eterna, compreendemos também que a inteira visão está profundamente impregnada de uma única luz e de uma única lógica artística: a luz e a lógica da fé, que a Igreja proclama confessando: « Creio em um só Deus... Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis ». Com base nessa lógica, no âmbito da luz que provém de Deus, também o corpo humano conserva o seu esplendor e a sua dignidade. Se o desprendemos dessa dimensão, ele torna-se de certo modo um objecto, que muito facilmente é aviltado, porque só diante dos olhos de Deus o corpo humano pode permanecer nu e descoberto e conservar intacto o seu esplendor e a sua beleza.

7. A Capela Sistina é o lugar que, para todos os Papas, conserva a recordação de um dia particular da sua vida. Para mim, trata-se do dia 16 de Outubro de 1978. Precisamente aqui, neste espaço sagrado, se reúnem os Cardeais, aguardando a manifestação da vontade de Cristo a respeito da pessoa do Sucessor de São Pedro. Aqui eu ouvi, dos lábios do meu Reitor de outrora, Maximilien de Furstenberg, as significativas palavras: «Magister adest et vocat te ». Neste lugar o Cardeal Primaz da Polónia, Stefan Wyszynski, disse-me: « Se te elegerem, peço-te que não recuses ». E aqui, em espírito de obediência a Cristo e entregando-me à sua Mãe, aceitei a eleição que surgiu do Conclave, declarando ao Cardeal Camerlengo, Jean Villot, a minha disponibilidade a servir a Igreja. Assim, pois, a Capela Sistina mais uma vez se tornou, diante de toda a Comunidade católica, o lugar da acção do Espírito Santo, que constitui na Igreja os Bispos, constitui de modo particular aquele que deve ser o Bispo de Roma e o Sucessor de Pedro.

Ao celebrar hoje o sacrifício da Santa Missa na mesma Capela, no décimo sexto ano do meu serviço à Sé Apostólica, peço ao Espírito do Senhor que não cesse de estar presente e operante na Igreja. Peço-Lhe que a introduza felizmente no terceiro milénio.

Invoco a Cristo, Senhor da história, para que esteja com todos nós até ao fim do mundo, como Ele mesmo prometeu: « Ego vobiscum sum omnibus diebus usque ad consumationem saeculi » (Mt 28, 20).




fonte: Museu de Arte Sacra de São Paulo, Café Filosófico com Prof. Giovanni Bagnoli 10/09/14
          Vaticano

sábado, 6 de setembro de 2014

A Espiritualidade da Voz - Prof. Dra. Paula Molinari



Quando escrevi pela primeira vez sobre o assunto na publicação Técnica Vocal: Princípios para

o Cantor Litúrgico, foi pensando em comunicar-me com os cantores litúrgicos de maneira a

sublinhar que o canto artístico e o canto litúrgico diferem em essência. Assim, foi só o começo de

uma longa busca. As fontes são muitas, como também são muitas as “espiritualidades”, aqui entre

aspas, porque até mesmo o significado de espiritual já se configura uma miscelânea de

compreensões. Exatamente nesse fazer, iniciamos nosso texto atual, ou seja, aclarando os conceitos,

limpando preconceitos e buscando unidade de sentido. 



Espiritualidade fica aqui entendida à partir de sua origem spiritus e que significa respiração

quando relacionado a spirare e também significa a dimensão imaterial do ser humano, chamada de

alma. De maneira geral e simplificando, dizemos que quando a palavra leva no final dade, como

queremos falar de espiritualidade, tem aí uma ação envolvida, daí que espiritualidade é uma ação

ligada ao espiritual. Desenvolver a espiritualidade poderia então ser entendido como desenvolver

nossa capacidade de compreensão do espiritual, exercendo-a, pondo em ação essa dimensão

imaterial que também está ligada ao respirar, quando entendemos esse spirare como aquilo que

emana de nós através do material e traz consigo, nesse ciclo de manutenção da vida, contornos de

compreensão do imaterial. Agora, diante do exposto, podemos caminhar para a exposição daquilo

que pensamos sobre voz e que constitui a gênese de nossa proposição. 



Aqui sublinhamos que a voz é essa existência que emana unidade, que possibilita o discurso,

que vivifica o significado e, que no século XVI os primeiros teólogos da linguagem chamaram de

verbo. O verbo como essa proclamação, como essa emanação que dignifica a palavra, verbo como

aquilo que cria e como aquilo que dá vida. 



O verbo é então essa força vital, vapor do corpo, liquidez carnal e espiritual, no qual toda

atividade repousa, se espalha no mundo ao qual dá vida (Zumthor, 2010, p.66) e é essa atitude que

emanada em palavra constitui e materializa sentidos quando professa. 



E como falar do canto? Para Zumthor, (2010, p. 295) o canto exalta a esperança de que um dia

uma palavra dirá tudo. Ele afirma que, emblematicamente, o canto realiza esse ato de dizer tudo.

Santo Agostinho nos auxilia confessando sua constante predileção pelas melodias. Diz que, por

vezes, uma melodia lhe chama mais a atenção que o texto e Santo Agostinho então, sente-se

culpado por ceder aos prazeres do ouvido quando dá menos atenção à palavra que à música. Para

não tomarmos uma pequena frase sem compreendermos seu contexto, por exemplo, sigamos a

compreender como era a transmissão de conhecimento naquele tempo, como se dava o aprendizado

e quais as qualidades necessárias para um boa leitura. Para isso, ele mesmo, Santo Agostinho dirá: 



No Evangelho, Ele falou com voz humana, e a sua palavra repercutiu exteriormente

nos ouvidos dos homens a fim de que neles cressem, e o buscassem no íntimo, e o

encontrassem na verdade eterna, onde o bom e o único mestre ensina a todos os seus

discípulos. Aí, Senhor, ouço a tua voz a dizer-me que só nos fala verdadeiramente

aquele que nos ensina, enquanto aquele que não nos instrui, mesmo que nos fale, é

como se não nos falasse. (Livro XI - 10) 



Naquele tempo, havia uma distinção primordial sobre o como se falava, não do ponto de vista

da técnica apenas mas, de como a voz em sua função plena se fazia verbo para dar-se em canto e

prenunciar, mais do que pronunciar, a palavra. Esse anúncio chegava aos ouvidos e, à partir deles,

da escuta, como hoje falamos, poderia-se então, refletir, sentir, aprender e apreender. Não era a palavra escrita que ensinava e sim, a palavra proferida, no influxo vocal humano que fazia conexão

com o outro e com os outros, ao mesmo tempo que aquele que dava sua voz à isso, entregava-se

para o serviço. Assim, podemos acrescentar: numa ação sacrificial. Era a exposição da vida, em seu

sentido mais profundo, através da oralidade. 



Proferir é mais que dizer. Anunciar é mais que articular nossa materialidade do corpo para a

saída de uma voz que concatena sons que são ouvidos como palavra. Não é qualquer palavra que

deve ser entendida como Palavra. Quem garante essa passagem da palavra para a Palavra? Quem

profere, quem diz, quem canta, quem recita, quem salmodia, quem toca um instrumento e quem

escreve um texto. 



Espiritualidade da voz então, é essa equilibrada noção de decorrência, de pertencimento, de

conexão do material com o imaterial que a voz transcorre, presentifica ao ouvido humano e que só é

possível no transcurso do tempo, na vida em comunidade, numa partilha da vida cristã que emana

da voz aos ouvidos e, como na patrística, dos ouvidos para o coração. 




Com isso, o texto aqui apresentado é tão somente um primeiro subsídio para o trabalho em

comunidade. O assunto é profundo e nos convida a refletir para, a cada passo, guiar nossa

compreensão para uma ação efetiva. 



Nesse sentido, o final se dá com sugestões para estudo. 



O que estudar? O que observar durante o estudo?

Bílbia Sagrada - Livro: Gênesis - Capítulo 1 Como a voz aparece no texto? Qual a

relação entre voz e criação? Essa voz é interior

ou exterior? É proferida?

Bíblia Sagrada - Livro: Salmos Qual a função da voz descrita nos salmos?

Qual a importância do dizer? De quais vozes os

salmos falam?

Documentos da Igreja Constituição

Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada

Liturgia - Proêmio e Capítulo I - I. A Natureza

da Sagrada Liturgia e sua Importância na Vida

da Igreja

Como a voz, a escritura, o dizer e a maneira de

se comunicar vem assinalada nesse trecho?

Coleção Liturgia e Música. Livro:Técnica

Vocal: Princípios para Cantores Litúrgicos -

Capítulo: A Espiritualidade da Voz - autora

Paula Molinari

O que você entende por indízivel? Busque nos

evangelhos exemplos de recursos metafóricos

que envolvam palavra, verbo, anúncio, à partir

da explicação exposta no texto. 





Referências Consultadas:

AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus. 2002.

BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. Paulus, 2010.

DOCUMENTOS DA IGREJA. Documentos sobre a Música Litúrgica. Volume 11. São Paulo: Paulus. 2005.

MOLINARI, Paula. Conhecer e Expressar o Indizível – O legado de Alfred Wolfsohn. Campo Limpo Paulista: FACCAMP, 2008.

__________, Paula. Técnica Vocal: Princípios para Cantores Litúrgicos. Coleção Liturgia e Música. São Paulo: Paulus, 2007.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à Poesia Oral. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

__________, Paul. A Letra e a Voz - A “literatura” medieval. São Paulo:Companhia das Letras, 2001.




fonte: CNBB

terça-feira, 2 de setembro de 2014

São João da Cruz - Cântico Espiritual 1, 8





Se é uma grande consolação para a alma
saber que Deus nunca a abandona,
mesmo quando em pecado mortal,
quanto mais não o será
para a que vive em graça!
Então, ó alma,
o que é que desejas e procuras fora de ti,
se é em ti que estão as tuas riquezas,
as tuas delícias, a tua consolação,
a tua riqueza e o teu reino,
ou seja, o teu Amado,
que a tua alma tanto deseja e procura?
E, já que O tens tão perto,
goza e alegra-te com Ele no teu recolhimento interior.
Aí O deseja e adora,
e não O procures fora de ti,
porque, além de te distraíres e cansares,
não O encontrarás
nem possuirás com tanta certeza,
nem tão depressa,
nem mais perto,
do que dentro de ti!
Só precisas de saber uma coisa:
embora esteja dentro de ti, está escondido.
Saber onde está escondido já é uma grande coisa
para dar com Ele no lugar certo!
É isto o que tu aqui pedes,
ó alma, quando, com amor afectuoso, perguntas:
Aonde Te escondeste?